Bronze cinzelado e dourado com mercúrio. França, Primeiro Império, por volta de 1810. O tema é inspirado pela famosíssima, já na época, estátua de Hébe de Canova. Movimento do tipo Paris com toque das horas e meias horas através de roda divisória (roda de contrapinos). A base é adornada com três guirlandas de louro centradas por libélulas e é suportada por pés quadrados adornados com arco e flecha apoiados em uma guirlanda de rosas. Acima da base, à esquerda, uma coluna sustenta uma grande ânfora, à direita, a figura em pé de Hébe segura com a mão esquerda o bico do vinho e com a direita abraça um cupido ajoelhado no plinto que contém o mostrador. O cupido segura na mão esquerda a taça, que oferece à deusa; e na direita o arco. À esquerda do cupido, um triunfo constituído por uma guirlanda sobre a qual se apoiam uma aljava e uma tocha, símbolo da paixão. O plinto contém o mostrador em bronze dourado com algarismos romanos desenhados a tinta e um cartucho com a assinatura do relojoeiro (ilegível), inscrito dentro de uma guirlanda de rosas. O tema é inspirado pela famosíssima, já na época, estátua de Hébe de Canova. Mas o artista a inverte simetricamente para adaptá-la à cena e coloca o bico na mão esquerda em vez da direita; além disso, estende o braço direito para abraçar o cupido. Outra diferença é que o seio aqui está coberto e não nu. Quanto ao restante, tanto o rosto quanto o penteado, assim como o bico, são semelhantes aos de Canova. Deusa grega, filha de Zeus e Hera ou Juno. Junto com as Horas e as Musas, dançava ao som da lira de Apolo e era a copeira dos deuses; em mais de um mito é encontrada a serviço da mãe. Segundo a Odisseia, casou-se com Hércules, quando o herói foi divinizado. Em Roma, Hébe foi identificada com a deusa indígena Juventas e um templo foi dedicado a ela pelo cônsul Marco Lívio Salinatore (207 aC). Já em desenhos de 1783-85 Canova estudava motivos de figuras femininas em movimento; na primeira década do novo século pintou toda uma série de têmperas em estilo pompeiano que desenvolviam em múltiplos ritmos o mesmo motivo, ao qual retornava sucessivamente, em escultura, com várias dançarinas, daquela com as mãos nos quadris, agora em Leningrado (1806), àquela com o dedo no queixo, à outra com os címbalos (1808-9); mas já em 1796 havia modelado uma elegante e leve imagem de Hébe (atualmente na Alemanha) que suscitou enormes entusiasmos, tanto que o escultor teve que replicá-la várias vezes: em 1801 para a imperatriz Josefina (agora em Leningrado), em 1814 para Lord Cawdor (em Chatsworth), em 1816 para Veronica Guerrini. Esta última é a versão de Forlì, na qual Canova, como no exemplar inglês, além das sutis variantes que continuamente introduzia em suas invenções, introduziu um elemento novo e inesperado, a policromia em cores tênues e esfumadas.